Com uma ajudinha da genética, o cabelo costuma ser um dos primeiros presentes passados diretamente de mãe para filha! Seja liso, ondulado ou crespo, essa característica tão importante para as mulheres acaba virando protagonista de muitas histórias bem especiais durante o relacionamento materno - ou até mesmo depois, quando tudo se resume a doces lembranças.
Pensando nisso, em homenagem ao Dia das Mães, quatro mulheres contam como os fios compartilhados pelas duas gerações deixaram esse laço familiar ainda mais forte de formas diferentes, seja nos ensinamentos para cuidar melhor das mechas, na coragem simultânea em assumir os cabelos naturais ou na liberdade para mudar radicalmente! Confira essas histórias inspiradoras na matéria!
Maitê e Cláudia: juntas desde os cabelos alisados até os crespos
Enquanto algumas mulheres planejam com antecedência todo o processo de transição, Maitê Martins e Cláudia Maria Martins apenas decidiram juntas que não queriam mais o cabelo indefinido que viam no espelho após anos de químicas e alisantes. "O processo foi um pouco tranquilo para mim, porque queria voltar aos cachos naturais o quanto antes, mas para minha mãe foi mais complicado", conta Maitê. Segundo a filha, o corte de cabelo curtinho para tirar as mechas alisadas mexeu bastante com a autoestima da mãe, mas hoje os fios de Cláudia já estão do jeito que ela sempre quis: grandes, volumosos e lindos.
O processo simultâneo de volta para o natural, por sinal, foi muito tranquilo: Maitê garante que briguinhas pelo creme favorito não faziam parte da rotina porque as duas têm fios bem diferentes. Ainda assim, a missão de descobrir os melhores cuidados capilares para ambas ficou com a filha. "Aprendi truques incríveis com a ajuda de uma blogueira e passei tudo pra minha mãe. Pelo visto, as coisas mudam: quando pequena, ela quem me ensinava as coisas. Agora, depois de crescida, sou eu quem a ensina!", brinca Maitê.
Bruna e Rosilane: cuidados capilares passados de mãe para filha
Por falar em aprendizado, Bruna Machado guarda com muito carinho tudo que aprendeu sobre cabelos cacheados com a ajuda de Rosilane Batista. Para a filha, essa é uma forma de manter a mãe sempre viva na memória mesmo após o seu falecimento. "Lembro de situações em que falavam que meu cabelo era duro e isso me deixava bem triste, mas minha mãe sempre falava que eles eram lindos. Lembro do sorriso no canto dos lábios dela enquanto acariciava meus cabelos", recorda a Bruna.
Segundo a filha, sua mãe sempre foi a maior ativista dos seus cachos e se preocupava em ajudá-la a cuidar deles da melhor maneira possível. "Foi ela quem me ensinou a usar pentes de dentes largos, não pentear os cabelos quando estivessem secos, lavar sempre com água fria, entre outras dicas", explica. Ainda assim, quando a mãe adoeceu, Bruna confessa que voltou a alisar os fios. "Não tinha muita paciência pra cuidar e me sentia vulnerável sem ela", conta.
Após o falecimento de Rosilene - e de um alisamento mal sucedido -, Bruna decidiu assumir novamente os cabelos 3B tão amados pela mãe: fez o primeiro big chop, começou a pesquisar mais sobre as técnicas certas e, hoje, sabe o que quer. "Minha meta é deixar ele crescer como no tempo que minha mãe ainda cuidava dos meus cachinhos. Sei que ela estaria feliz de saber que, finalmente, entendi o que ela dizia: meu cabelo é lindo do jeito que é", conta com orgulho. Agora, daqui para frente, Bruna diz que quer fazer o mesmo pela sua bebê, perpetuando o amor e respeito aos fios pelas próximas gerações. "Infelizmente, minha filha Pérola não conheceu a avó, mas se depender de mim, isso não será um problema", garante.
Luana e Liane: influência da filha para transição capilar
Quem vê Luana Bustamante e Liane Siqueira logo pensa que mãe e filha, na verdade, são melhores amigas. As duas, que sempre fizeram tudo juntas, mantiveram a rotina de alisamento nas mechas crespas por longos anos até que Luana, cansada dos fios fracos e quebradiços, decidiu retornar às raízes. "Quando finalmente assumi o natural, minha mãe percebeu que eu estava feliz daquele jeito e vi que poderia influenciá-la de uma forma positiva", explica.
Assim, um tempo depois e incentivada pela filha, Liane decidiu apostar no big chop para tirar a química dos cabelos e acelerar a transição. Foi difícil e ela confessa ter pensado em desistir, mas o apoio de Luana fez toda a diferença para que não cedesse. "Eu trocava muitas dicas sobre o que achava na internet. Lembro que falava para minha mãe fazer bastante hidratação no cabelo, deixá-lo com menos escova, tentar mantê-lo natural para ir se adaptando", lembra a filha.
Por ter sido a pioneira da casa, Luana não perde a oportunidade de brincar com a mãe. "Até hoje ela diz que eu a copio, porque se ela coloca alguma cor no cabelo, eu também quero colocar, e se usa um creme diferente, eu também quero usar", entrega Liane. Hoje, mãe e filha unidas pelos fios naturais reconhecem que tudo valeu a pena. "Isso nos uniu mais e ajudou a percebermos o quanto nosso cabelo era lindo! Agora nos reconhecemos como as mulheres negras que somos.", finaliza Luana.
Raquel e Lidia: acordo para deixar os cabelos grisalhos
Agora, mesmo quando os cabelos de mãe e filha são completamente diferentes, como no caso de Raquel Carletto e Lidia Matos, os fios ainda podem protagonizar uma história especial e inusitada. Tudo começou quando Lidia decidiu que gostaria de assumir os cabelos grisalhos que escondia desde os 20 anos de idade e Raquel, sua filha, bateu o pé. "Achava que o visual totalmente branco a envelheceria demais. Cheguei a me comprometer a pintar o cabelo da minha mãe em casa para ela não ceder, e assim fiz por um bom tempo", conta a filha.
Convencida, Lidia continuou com a rotina de coloração caseira, mas as coisas começaram a mudar quando Raquel botou na cabeça que queria fazer uma tatuagem e, dessa vez, quem não gostou da ideia foi a mãe. As duas, no entanto, chegaram a um acordo sugerido pela filha: Lidia só deixaria os cabelos brancos se Raquel pudesse fazer a tatuagem. "Quando eu percebi que iria ser beneficiada, não teve jeito, me rendi", confessa a mãe.
Após um longo período de transição para os fios totalmente grisalhos, Lidia hoje exibe os cabelos com muito orgulho. "Me sinto muito melhor assim e tenho pouquíssimo trabalho. A única coisa que inseri como cuidado na rotina foram os produtos que valorizassem o branco nos fios", explica. A relação das duas depois do trato, por sinal, ficou ainda melhor. No fim das contas, a mãe aprovou a tatuagem e a filha adorou os cabelos brancos. "Ela ficou ainda mais linda", finaliza Raquel.
Matéria publicada em 18 de maio 2021, por Webedia.