Você sabia que o cabelo também pode conduzir energia? O efeito é conhecido e se parece com o frizz mas, na verdade, não passa de pura física: os cabelos ficam arrepiados e não há finalizador que dê jeito. O responsável por este acontecimento é a eletricidade estática.
Esse fenômeno acontece quando ocorre um desequilíbrio eletrônico dos íons do cabelo, deixando-os em pé, o que gera ressecamento e um tipo diferente de frizz. Os motivos para os cabelos ficarem eletrizados são variados, desde o contato excessivo com televisores e computadores ao uso pentes e escovas de metal, mas seu aparecimento depende de fatores como ambiente e produtos usados.
Troca de átomos nos cabelos vai além da eletricidade estática
O químico industrial William Cesário explica que esse fenômeno acontece porque tudo no universo tem resistência, seja ela elétrica, térmica ou de moldagem, o que inclui também o nosso corpo: "a nossa pele e os cabelos são feitos de materiais diferentes, e por isso tem 'condutividades' diferentes. Assim, é possível 'carregar' o cabelo, pois ele possui átomos que podem 'roubar' elétrons de outros", explicou. Esse fenômeno vai além do famoso efeito espigado dos fios, e pode acontecer com objetos do cotidiano, como nos pequenos "choques" causados pela fricção de materiais. Por exemplo: o pente, depois de usado nos fios, pode "grudar" em tecidos por ter se polarizado com a carga das madeixas.
Mas não é só com eletricidade estática que essa relação entre átomos acontece. William explica que até usando uma chapinha é possível observar essa interação: "O mundo tem cargas elétricas passando de um lado para o outro o tempo todo, e isso pode se ver em vários momentos. Por exemplo, quando se faz uma chapinha, para o cabelo ficar liso, é preciso atacar as pontes dissulfeto (que são responsáveis pelo formato do cabelo), e para que isso aconteça, as substância presentes na estrutura de enxofre (o dissulfeto é formado por uma combinação desse elemento) precisa capturar elétrons para se carregar", ensinou o químico.
Cabelos podem ajudar a produzir energia solar
Além desse efeito conhecido, dois pesquisadores na Universidade de Queensland, na Austrália, concluíram que o cabelo também pode conduzir energia. A pesquisa, organizada por Paul Meredith e Ben Powell estudou os poderes da melanina além de definir a cor da pele e dos cabelos e concluiu que o pigmento tem propriedades elétricas. A maioria dos semicondutores são elementos ou compostos inorgânicos, como o silício, a partir dos elétrons que conduzem a corrente. A melanina funciona a partir dos íons, que transportam a eletricidade.
Inspirado na teoria de que o cabelo pode conduzir energia, o jovem Milan Karki, do Nepal, descobriu que utilizar fios em painéis solares consegue diminuir o custo da energia no país e adaptou as placas para em vez de silício, usar as madeixas, muito mais fáceis de conseguir no local. Apesar de ser um grande passo para uma energia mais limpa e barata, o projeto do nepalês ainda está em fase de teste e é apenas usado na vila do jovem, na zona rural do país.
Matéria publicada em 13 de Abril de 2021, por Webedia.