Parar de tomar a pílula anticoncepcional tem sido uma decisão cada vez mais frequente entre as mulheres, e o motivo quase nunca tem a ver com a vontade de engravidar. Na verdade, a razão da suspensão da pílula são os efeitos colaterais causados pela combinação dos hormônios estrogênio e progesterona, que são refletidos na pele, no ciclo menstrual e até na libido. Ao mesmo tempo, ao parar com o contraceptivo, algumas mudanças - positivas e negativas - também podem acontecer. Para te ajudar a tomar a decisão, a ginecologista Karla Filgueiras explicou o que pode acontecer com a suspensão do remédio.
Maioria dos sintomas não são específicos e cada mulher reage de uma forma
Se você tem receio de ficar com TPM forte, com a pele mega oleosa ou com dores de cabeça intensas, saiba que esses sintomas não surgem do nada e geralmente só acontecem com quem já sofria com eles antes do remédio. Segundo a ginecologista Karla Filgueiras, cada mulher reage à suspensão do anticoncepcional de uma forma e todos os sintomas dependem do que levou a mulher a começar a tomar o anticoncepcional. "Os sintomas prévios podem voltar. Caso esteja fazendo uso para algum tipo de tratamento, como cólicas menstruais, acne, irregularidade menstrual ou até mesmo controle do fluxo menstrual, ao parar de fazer uso da pílula os sintomas poderão reaparecer", explicou a especialista.
Qual é a mudança no sistema reprodutor ao parar de tomar a pílula anticoncepcional?
De acordo com a ginecologista, ao parar de fazer a contracepção oral, o corpo volta a funcionar normalmente como antes da pílula. "Começa a produção de hormônios que irão promover a ovulação. Sendo assim, a paciente já poderá engravidar no primeiro mês após a interrupção do anticoncepcional", explicou Karla.
O ciclo menstrual fica irregular e o fluxo pode aumentar?
Ciclo menstrual regulado e diminuição do fluxo da menstruação são dois benefícios da pílula que as mulheres gostam: por isso, o medo de um fluxo intenso e menstruação atrasada são preocupações comuns ao parar de tomar o remédio. Mas Karla Filgueiras explica que já no mês seguinte o corpo volta a funcionar bem e sozinho. "O ciclo seguinte já costuma ser comandado por nosso corpo. Em algumas pessoas, ele pode levar até 3 meses", explicou. Por isso, se a menstruação atrasar ou simplesmente não acontecer, fique tranquila: esses sintomas são normais no início. Já o fluxo, geralmente, aumenta para quase todas as mulheres.
Dor de cabeça e cólica realmente ocorrem sem a pílula?
Pausa na pílula pode melhorar a retenção de líquido?
Muitas pílulas anticoncepcionais amenizam a retenção de líquidos no corpo, mas outras podem fazer o efeito contrário, ocasionando edemas. De acordo com Karla, a reclamação de ganho de peso pelas mulheres tem sido cada vez mais rara, mas ainda acontece. Se esse é o seu caso e você se sente mais inchada enquanto toma o remédio, pode ficar tranquila porque o acúmulo de líquido diminui e os edemas costumam ir embora.
A libido realmente melhora após parar a suspensão da pílula?
Se você já ouviu por aí que a libido melhora quando o anticoncepcional é suspenso, pode comemorar: sim, a libido aumenta e essa é uma das mudanças mais significativas no corpo da mulher. "Na libido, a mudança é real. Os contraceptivos hormonais reduzem a libido, em intensidades que variam de paciente para paciente, e essa tem sido a maior queixa em relação ao uso da medicação", explicou Karla Filgueiras. Já o bom-humor, segundo a ginecologista, nem sempre melhora porque é um dos sintomas da famosa TPM.
A pele realmente fica oleosa ao parar de tomar o anticoncepcional?
Outras preocupação das mulheres que pretendem parar de tomar a pílula é o medo da oleosidade e da acne. A ginecologista explicou que as espinhas podem aparecer em quem já sofria do problema antes, principalmente quem começou a usar a pílula especialmente para tratar a acne. Para quem começou a ter espinhas ao suspender o anticoncepcional, é sempre bom consultar um ginecologista, até mesmo se os outros sintomas causados anteriormente continuarem depois de 3 meses. "Nem tudo é causado apenas pelo anticoncepcional. Nem sempre ele é o vilão", explicou Karla Filgueiras.
Matéria publicada em 08 de março 2021, por Webedia.