Os dermatologistas são unânimes ao afirmar que é fundamental proteger a pele contra os efeitos nocivos dos raios solares. No entanto, algumas pesquisas discutem se o uso do filtro pode impedir a absorção da vitamina D, uma substância fundamental para a saúde do organismo. Atualmente, uma em cada três pessoas que vivem no ambiente urbano possui deficiência da vitamina D devido à falta de exposição ao sol.
A vitamina D é um hormônio esteroide lipossolúvel que pode ser obtido através de exposição solar, alimentação ou suplementação. A substância é essencial para o corpo humano, pois controla cerca de 270 genes, e sua ausência está associada a uma série de complicações, como osteoporose, doenças cardíacas e relacionadas ao sistema imunológico, diabetes e esclerose múltipla.
Fotoproteção não é capaz de causar deficiência
"Os pacientes estão recebendo orientações de saúde antagônicas: a fotoproteção para prevenção ao câncer de pele e, ao mesmo tempo, a necessidade de exposição solar para garantir um bom status de vitamina D. A prática de proteção solar está associada a concentrações mais baixas da substância em comparação com indivíduos fotoexpostos, mas não o suficiente para causar sua deficiência", afirma a dermatologista Aline Vieira.
"A radiação solar do cotidiano é suficiente para promover a síntese adequada de vitamina D. Claro que o bloqueio completo da radiação UVB causaria uma diminuição significante na produção da substância. Entretanto, a fotoproteção no sentido estrito e sua real prática são situações diferentes, ou seja, sempre ocorrem pequenas exposições", complementa a profissional.
Vitamina D é produzida principalmente pela pele
Cerca de 90% da vitamina D é produzida na pele, conforme os raios ultravioletas transformam o colesterol na substância. Por isso, apesar da alimentação ser complementar, ela não é suficiente para fornecer as necessidades diárias do hormônio, cerca de dez mil unidades da vitamina. Já a suplementação deve ser feita sob orientação médica, após a constatação de uma deficiência no organismo.
A absorção da vitamina D pode diminuir pelo uso do protetor solar, pois o produto impede que a radiação atinja o corpo, porém, não a níveis significantes no Brasil. A partir do fator 8, o filtro já inibe a retenção da substância. "No entanto, em um país como o Brasil, em que o índice de radiação solar é imenso, não precisamos nos preocupar com a deficiência da substância relacionada ao uso do protetor", garante a dermatologista Gabriella Albuquerque.
Pouco tempo de exposição já garante níveis de vitamina suficientes
Para garantir as quantidades adequadas de vitamina D e ainda assim proteger a pele contra os efeitos nocivos do sol é preciso moderar a exposição. A boa notícia é que o organismo requer uma quantidade muito pequena de radiação. "Cerca de quinze minutos de exposição três vezes por semana já é suficiente", afirma Gabriella, coordenadora do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia do Rio de Janeiro.
Exposição deve ser feita em condições adequadas
"Ao se expor ao sol por um curto período de tempo essa produção já estará saudável. Pessoas com a pele que queima facilmente ao sol precisam apenas de cinco minutos de exposição solar para alcançar dos níveis de vitamina D suficientes, enquanto alguém que tem a pele mais escura precisará de mais tempo, cerca de vinte minutos", explica Paula Becker, dermatologista da Clínica Dermagrupo.
Como não existe uma parte do corpo que absorva melhor a vitamina D do que outras, é possível deixar apenas braços e pernas expostos durante o tempo necessário, enquanto o rosto é protegido pelo filtro solar. Além disso, é fundamental que a exposição ao sol seja feita somente durante os horários em que a incidência da radiação solar está mais fraca, antes das 10h e depois das 15h.
Matéria publicada em 10 de fevereiro 2021, por Webedia.