Maria Antonieta, a rainha fashionista, mesmo detestada na França, ditava moda na corte com suas extravagâncias e o hairstyle imponente. Com má fama, Maria Antonieta entrou para a história por usar a moda como um instrumento político e forma de aumentar ou sustentar sua autoridade através de meio de novas roupas, sapatos e penteados, como o "pouf"; sua marca registrada.
"Sua época foi marcada por perucas exageradas, que mostravam status e poder e ela ficou marcada por seus trajes luxuosos e enormes penteados", explica Silvia Marques, pesquisadora e escritora do livro "A História do Penteado", "Maria Antonieta revolucionou e ditou a moda no seu tempo, utilizando o figurino para se impor e se destacar como mulher e rainha".
A estrutura de arame chegava a três metros de altura
O cabeleireiro Léonard era criador e responsável pelos penteados-esculturas, o "pouf", uma estrutura de arame, que chegavam a três metros de altura, recoberta de lã, tecido, crina de cavalo e gaze e a prendia na cabeça, firmado com pomada e talco, bem diferente dos fixadores atuais .
Sob essa estrutura, a cabeça da rainha ganhava temas diversos para cada ocasião. O "pouf à l'inoculation", por exemplo, representava uma serpente enroscada numa oliveira e, atrás, um sol gigante, para celebrar a decisão de Luís XVI de se vacinar contra a varíola. Outros famosos foram "pouf à la jardinière", composto de uma alcachofra, uma cenoura, alguns aipos e um repolho inteiro e o "pouf à l'independence" um navio com suas quatro velas ao vento, homenagem à uma ilustração anônima de 1778.
As perucas brancas escondiam o cabelo natural de Maria Antonieta, um loiro claríssimo, quase platinado . Existem registros históricos que garantem que a rainha teria perdido a cor dos fios ao saber da iminente decapitação. De acordo com os especialistas, é mais provável que tenha ocorrido uma queda abrupta dos cabelos decorrente de estresse, e como os fios brancos recentes são mais resistentes, só eles lhe sobraram em sua cabeça.
Flores, frutas, legumes e até gaiola com pássaros vivos
A rainha virou inspiração para a corte que também adotou o visual de Maria Antonieta. As perucas pesavam mais de oito quilos e podiam ser de fios naturais, crina de cavalo, lã ou seda. Se confeccionada por seis pessoas trabalhando arduamente, levavam quase uma semana para serem feitas e eram enfeitadas com pedras preciosas, plumas, espelhos, flores, frutas e legumes. Alguns iam além e criavam cenas completas de algum evento, que incluía mobília, jardins e gaiolas com pássaros vivos.
As armações gigantescas criadas por Léonard fizeram escola e algumas damas da corte precisavam rebaixar os acentos de suas carruagens para poder viajar com conforto e entrarem e saírem dos veículos com facilidade. Quem não mexia na estrutura, criava "jeitinhos" para não desmanchar o penteado, como viajar de joelhos, às vezes por horas, nas carruagens.
Adaptação pop para a telona
A história da rainha ganhou adaptação para o cinema com título homônimo pelas mãos de Sofia Coppola. O longa-metragem, protagonizado por Kirsten Dunst, abusa das referências ao pop para mostrar que Maria Antonieta continua atual mesmo com a opulência da realeza. O estilo do filme foi premiado e o vestuário, assinado por Milena Canonero, ganhou o Oscar de "Melhor Figurino" em 2007.
Para Silvia Marques, o legado de Maria Antonieta esteja ligado a sua imagem poderosa: "Basta pensar na infinidade de cosméticos e nas variadas intervenções cirúrgicas que as mulheres utilizam para transmitir uma imagem mais jovem e atraente, é uma herança do gosto pelos artifícios estéticos para transmitir poder".