Louise Brooks foi uma das personagens mais marcantes da década de 1920 com os fios curtíssimos e a franja reta caindo sob os olhos. O corte, chamado "La Garçonne" fez a cabeça das moças da época, um representante perfeito do novo estilo da mulher que eram mais práticas, não vestiam mais espartilhos, bebiam licores fortes, fumavam, conduziam e iam trabalhar.
Seu maior papel foi Lulu em "A Caixa de Pandora" de G.W. Pabst, onde usava o famoso corte de cabelo. Louise teve uma carreira curta em Hollywood e estrelou 24 filmes em 12 anos sem outro grande destaque. Nessa época, já fazia sucesso o "bob cut", versão um pouco maior do visual de Louise, criado pela dançarina Irene Castle quando precisou de um look mais prático enquanto esteve hospitalizada de apendicite. No Brasil, o "La Garçonne" ficou popular nos cabelos de Eugênia Álvaro Moreyra, uma jornalista considerada à frente do tempo que lutava pelo feminismo.
Para a Silvia Marques, pesquisadora e escritora do livro "A História do Penteado", os fios curtos de Louise Brooks marcaram uma época e não podem ser separados da história social: "os cabelos de Louise Brooke ilustram bem esta década marcada por profundas transformações sociais, em que as mulheres lutaram por mais autonomia de pensamento e ação. Figuras como a da atriz e a emblemática Coco Chanel podem ser muito inspiradoras para quem deseja resgatar um visual extremamente sofisticado, que representou uma década muito interessante", afirmou.
O look ganhou nova roupagem e virou referência. No cinema, o corte fazia parte da personalidade de Amélie Poulain, interpretada por Audrey Tautou. Natalie Portman é outra que usou o "La Garçonne" em "Closer - Perto Demais", ao natural e com uma peruca rosa de fios mais longos, parecido com um chanel.
Os cabelos também contam histórias e caracterizam os personagens em filmes e seriados de época. Cate Blanchett o usou em "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal", longa-metragem passado nos anos 1930 enquanto Vanessa Giácomo deu vida a Malvina em "Gabriela" da Rede Globo, com o visual do auge dos "anos loucos".
Quem levou o corte para a vida contemporânea foi Katie Holmes, que estilizou as madeixas junto à filha fofura, Suri Cruise. Mayana Moura também entrou para o time das fãs do corte, e mesmo depois do final da novela "Passione", a atriz continuou com o visual até precisar mudar novamente por conta da trama "Guerra dos Sexos", atualmente no ar.
Para a escritora do livro "A História do Penteado", "La Garçonne" deve ser encarado com outro olhar apesar de ser tendência: "No início do século, ter cabelos curtos fazia parte da moda, hoje, apesar da liberdade, a maioria gosta dos fios mais longos. Os curtinhos nos anos 1920 representavam, além do gosto pessoal, o desejo de libertar as mulheres de apliques e penteados complicados", revelou Silvia.