Junto com o diagnóstico, um novo - e mais bonito - começo. Pelo menos foi assim para Flavia Flores (40), Sula Souza (26) e Priscila Abreu (48), que mesmo tendo histórias diferentes, tiveram seus caminhos cruzados por algo em comum: todas elas decidiram abraçar os cuidados de beleza para encarar o longo tratamento do câncer esbanjando graciosidade e, ao fim da batalha - ou no caminho até lá -, conseguirem se tornar versões ainda melhores de si mesmas.
No mês de conscientização sobre a doença com a campanha "Outubro Rosa", e pensando em inspirar outras pessoas a também enfrentarem o câncer de mama com mais estilo e sem tristeza, essas três mulheres toparam contar ao Beleza Extraordinária um pouquinho do que viveram na trajetória até aqui. O resultado da conversa você confere na matéria!
Flavia Flores: "hoje sou muito mais interessante, tenho uma história linda para contar"
O clichê de fazer uma limonada com os limões da vida faz todo sentido na história de Flavia Flores, e tudo começou logo após o diagnóstico do câncer de mama em outubro de 2012. Naquela época, ela teve a ideia de compartilhar seu dia a dia de tratamento de forma despretensiosa com os amigos, sem saber que sua página no Facebook se tornaria um projeto inédito no Brasil, reunindo mulheres que passavam pela mesma experiência e tinham interesse nas suas informações sobre beleza, autoestima e bem-estar durante o processo.
Dessa forma, alguns anos depois, a ideia que começou modesta na rede social acabou virando livro e, mais tarde, se materializou no Instituto Quimioterapia e Beleza. A iniciativa ajudou diversas pacientes de câncer (ou "cat's", como são chamadas por Flávia) a se enxergarem mais bonitas mesmo em meio a perda dos fios e outros efeitos colaterais do processo.
Ainda assim, na trajetória, Flavia precisou lidar com o preconceito - por sorte, nada que a ex-modelo não tirasse de letra. "Recebi vários conselhos que diziam para que eu cuidasse da minha saúde, que a vaidade viria por último. Disseram até que eu estava faltando com o respeito com pacientes oncológicos, mas isso foi só no começo", revela. "Hoje em dia sou reconhecida pelo bem que fiz, mudei o cenário dessas mulheres e fico muito emocionada por isso. Elas agora replicam essa corrente, que inspiram outras e inspiram outras, e assim vai".
Priscila: "não podemos nos deixar em segundo plano, essa é uma lição que agora passo para todos"
E por falar em inspirar pessoas, Priscila Abreu é outro exemplo de resiliência - e mais uma prova de que o trabalho feito por Flavia não é em vão. No caso dela, sua história se entrelaçou com a do Instituto Quimioterapia e Beleza depois de descobrir um caroço na mama direita durante um autoexame e, em abril de 2015, ser diagnosticada com um tipo de câncer raro, o HER2. "Conheci a instituição quando soube como seria o processo e comecei a procurar mais sobre esse universo de beleza", explica Priscila.
Segundo ela, por sempre ter direcionado a maioria dos cuidados aos cabelos, foi preciso descobrir novas formas de se sentir bem com a própria imagem. Na época, por causa da queda dos fios e o ressecamento da pele, a solução foi dar mais atenção ao próprio corpo e, também, ao poder da maquiagem. "Em toda sessão de quimio que fazia, sempre ia maquiada, não importava o horário", revela com bom humor. Além disso, Priscila também conta que aderiu a partir desse período o hábito de sempre se hidratar depois do banho, além de investir nas bases com protetor solar diariamente.
Atualmente, depois de vencer uma boa etapa do processo, e espaçar as visitas ao oncologista para uma vez a cada três meses, Priscila diz ter aprendido a não se deixar em segundo plano - seja quando o assunto for saúde ou aparência. "Como pessoa eu cresci muito depois disso. Acabei me tornando voluntária de alguns projetos e participando dessa corrente do bem. Hoje, com 48 anos, me acho muito mais linda e interessante do que antes. Hoje me preocupo em cuidar de mim", destaca.
Sula Souza: "quem passa pela doença não precisa ficar doente"
Agora, se o intuito é sair da luta contra o câncer ainda mais forte e segura de si do que quando entrou, Sula Souza pode ser considerada um belo exemplo. No seu caso, após perceber alguns sintomas, procurar o especialista e receber o diagnóstico da doença em dezembro de 2013, a professora e dona do blog "Além do que posso ser" criou um canal no Youtube e uma página no Facebook para compartilhar sua luta e tratamento contra o problema - sempre, segundo ela, "de uma forma leve e divertida".
O motivo de abordar a situação com tanta leveza, de acordo com Sula, foi porque ela, de fato, tentava encarar o problema de frente e lidar com esse processo tão pesado de um jeito mais tranquilo, apostando no que desde antes já amava fazer: cuidar de si mesma. "Eu sempre gostei de cuidar do cabelo e de fazer maquiagem, mas quando os fios caíram eu comecei a pesquisar como me maquiar de formas diferentes, além de me aprofundar mais sobre lenços", lembra a professora.
Fazendo uma retrospectiva do tratamento, Sula garante que focar na beleza amenizou (e muito) todas as etapas. "Era até engraçado, me perguntavam se eu estava mesmo com câncer porque estava sempre arrumada, cuidando de mim. Eu respondia dizendo que a gente pode passar pela doença, mas não precisa ficar doente", conta. Por fim, a professora reconhece que a experiência a mudou totalmente. "Hoje eu consigo ver o mundo diferente, e é mais bonito assim", finaliza.
Matéria publicada em 04 de março 2021, por Webedia.