Só quem já passou anos fazendo alisamento no cabelo antes de assumir o cacheado ou crespo conhece os contratempos que podem vir junto com os constantes retoques de química. Queimaduras no couro cabeludo e fios mais fracos são alguns deles, mas o mais temido, sem dúvidas, é o corte químico - a queda capilar que acontece quando há incompatibilidade entre produtos ou os fios estão fracos demais para o procedimento. Pensando nisso, o Beleza Extraordinária conversou com quatro mulheres que já sofreram com o problema para descobrir como elas passaram por essa fase antes de aceitarem de vez os cachos. Confira!
"Foi bem desesperador! E eu ainda fiquei com muitas feridas na cabeça" - Priscila Rocha, 26 anos
Quem vê Priscila Rocha com o black poderoso que exibe atualmente nem imagina que o cabelo já foi um dos pontos mais problemáticos de sua autoestima. Embora tenha piorado com o corte químico, ela conta que, mesmo antes dele, nunca se sentiu completamente satisfeita com os fios alisados: "quando eu alisava e relaxava o cabelo, eu só me sentia bem na hora. Ficava lindo no salão, mas, quando eu chegava em casa e lavava... a autoestima ia embora de novo".
Assim como outras mulheres que alisavam o cabelo com frequência, Priscila lidou com o corte químico por mais de uma vez. Mas, segundo ela, o que mais marcou sua memória foi o que aconteceu quando tinha 11 anos e foi fazer um relaxamento: "quando fui lavar o cabelo na pia, caía muito. Foi bem desesperador! E eu ainda fiquei com muitas feridas na cabeça. Na escola, o pessoal me zoava muito, e eu fiquei com a autoestima bem baixa", relembra.
Para tentar resolver o problema dessa vez, ela não chegou a fazer nenhum tratamento específico: apenas fazia mais hidratações enquanto esperava o cabelo crescer, e recorria a lenços e turbantes para disfarçar a queda. Mas, quando os fios caíram novamente aos 15 anos, a jovem revela que chegou a usar um implante capilar para não passar pela mesma fase de novo.
"Foi traumatizante! Sempre gostei de cabelo grande e tive que cortar" - Carolina Vega, 25 anos
Assim como a maioria das cacheadas e crespas, Carolina Vega também passou pelo período em que não aceitava seu cabelo natural e investia em alisamentos para exibir um visual com liso chapado. Hoje, ela mostra por aí seu belíssimo crespo volumoso com orgulho! E, ao relembrar tudo o que já passou com ele, até se arrepende por ter demorado tanto a assumir o natural: "antes tivesse me aceitado logo, porque olha... era sofrimento e gastos", declara.
Um desses sofrimentos a que se refere foi o corte químico que sofreu quando tinha 16 anos. Na época, sua mãe - cabeleireira - é quem fazia seu cabelo; mas, em uma das vezes em que ela estava ocupada para retocar a química, Carolina decidiu procurar outra profissional - e foi aí que não deu muito certo. "Ela decidiu fazer uma escova com formol, mais forte do que a que eu estava acostumada a fazer, porque meu cabelo era bem difícil de alisar. Na hora, ficou lindo e eu adorei, mas, depois de uma semana, eu vi que ele estava todo quebrado. Parecia que eu tinha feito franja na parte de trás", conta.
Sua mãe logo viu que o problema tinha sido causado pela nova escova. E a solução que Carolina encontrou para tentar disfarçar a diferença de tamanho entre os fios foi o corte: "ele estava nos ombros e passou a ser na nuca. Foi traumatizante! Sempre gostei de cabelo grande e tive que cortar - e não foi por livre e espontânea vontade. Foi horrível! Cabelo é autoestima, né?", finaliza.
"Casei em setembro de 2014, e em 2015 começou a cair loucamente. Já pensou se é na época do casamento?" - Fernanda Oliveira Lima, 30 anos
Ao lembrar do seu corte químico, Fernanda Oliveira Lima logo fica tensa ao imaginar que ele podia ter acontecido na época do seu casamento. É que seu cabelo - na época, relaxado - começou a cair poucos meses depois da ocasião: "casei em setembro de 2014, e em janeiro de 2015 começou a cair loucamente. Já pensou se é na época do casamento?", diz.
Segundo ela, a queda foi uma surpresa porque o relaxamento já era feito há um tempo - e, mesmo sem nunca ter feito teste de mecha antes da aplicação, nunca tinha lidado com nenhum problema. Mas, depois do ocorrido, não arriscou e iniciou um tratamento específico com seu dermatologista: "fui ao meu dermato e tratei com remédio oral e loção local. Além disso, também fiz milhares de tratamentos com hidratação e reconstrução... Mas nada deu jeito".
Sem resultados, Fernanda aproveitou o fato de não ter medo de tesoura e não pensou duas vezes: decidiu cortar tudo! "Sempre gosto de mudar, então achei ótimo dar uma radicalizada. E continuei me achando linda, porque beleza vem de dentro, não é?", afirma.
"Eu trabalhava em um escritório com o chão claro e lembro que, onde eu sentava, no final do dia, tinha uma quantidade absurda de cabelo no chão" - Ingrid Barros Lapa, 26 anos
Se é possível tirar algo positivo de um corte químico, Ingrid Barros Lapa afirma que, no seu caso, foi a chance de aceitar o seu cabelo natural. Depois de passar por essa fase complicada, ela conta que aprendeu a gostar do ondulado que tanto rejeitava e a entender que não é preciso se encaixar no que a sociedade considera bonito só para se sentir bem: "a partir daí, me questionei muito sobre o porquê de fazer aquilo. Meu cabelo era lindo! Por que eu estava querendo transformá-lo em algo sem vida só para seguir um padrão? Foi um período difícil, mas também foi o start que eu precisava para me aceitar", diz.
O problema com a química aconteceu quando Ingrid tinha 19 anos. Na primeira aplicação, deu tudo certo e os fios ficaram lisos do jeito que ela queria, mas o corte químico aconteceu quando chegou a época do retoque da raiz: "no dia seguinte, percebi que meu cabelo estava caindo mais do que o normal. Eu trabalhava em um escritório pequeno com o chão claro, e lembro que, onde eu sentava, no final do dia, tinha uma quantidade absurda de cabelo no chão. As pessoas reparavam e eu morria de vergonha". E não parou por aí: além da queda excessiva, Ingrid reparou que estava com um buraco no alto da cabeça e com uma quebra perto da raiz, que dava a impressão de que os fios tinham sido cortados com máquina.
Por precisar do cabelo em um comprimento maior para esconder os buracos, cortar não foi uma opção. A solução que ela encontrou foi iniciar um tratamento com um dermatologista - que era acompanhado por um remédio caro - e fazer as hidratações que o salão ofereceu como um pedido de desculpas. "A dermatologista falou que, pelo jeito que o fio quebrou, parece que ele não retirou o produto por completo na hora de enxaguar. Eu acabei criando uma amizade com o cabeleireiro que fez o procedimento e fiquei com pena de tomar uma medida mais enérgica. Hoje, certamente, eu teria outra atitude", afirma.
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Matéria publicada em 07 de março 2021, por Webedia.